quinta-feira, 13 de agosto de 2009

NEFERTITI


Quem está livre de falsidades?

Busto de Nefertiti pode ser falso
(PÚBLICA) 2009.Maio.09
O busto da rainha egípcia Nefertiti, que está em exposição em Berlim, pode ser falso, segundo a teoria de Henry Stierlin, historiador suíço. O busto, que se pensa ter cerca de 3400 anos, poderá ter sido feito, segundo a investigação de Stierlin, em 1912 por um artista chamado Gerard Marks a mando do arqueólogo Ludwig Borchardt para testar pigmentos egípcios encontrados em escavações, mas que a cópia foi admirada como verdadeira por um membro da realeza alemã e que o arqueólogo não teve coragem de o contrariar. Stierlin diz ainda que algumas características do busto, como o formato dos ombros, estão mais de acordo com o século XIX do que com o Antigo Egipto.

Capela Sistina no Egipto?


Arqueologia
Descoberta em Luxor nova "Capela Sistina"
(PÚBLICO) 2009.Março.18
Uma equipa de arqueólogos es¬panhóis e egípcios descobriu em Luxor (Egipto) aquela a que já cha¬mam uma nova "Capela Sistina", um túmulo datado de 1500 a.C. que pertence a Djehuti, escriba da rai¬nha Hatshepsut. O Projecto Djehu¬ti foi coordenado por José Manuel Galán, do Conselho Superior de In-vestigações Científicas espanhol. A câmara mortuária agora encon¬trada está decorada com textos do Livro dos Mortos.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O padre voador a quem a Inquisição cortou as asas


74 anos antes dos irmãos Montgolfier, um balão de ar quente elevava-se perante D. João V, a rainha e o futuro Papa Inocêncio XIII
Neste sábado subiram em Lis¬boa, no Rossio dos Olivais, na Es¬tação Sul e Sueste, no Terreiro do Paço, e nos Jardins Vieira Por¬tuense, em Belém, balões de ar quente transportando adultos e crianças. O que hoje é um mero divertimento ligado à celebração de uma efeméride, há 300 anos foi um feito científico de relevo, levado a cabo, na corte de D. João V, pelo padre jesuíta Barto¬lomeu de Gusmão. Antecipou em 74 anos os aeróstatos dos ir¬mão franceses Montgolfier, consi¬derados os pais da aviação. Ao que o Expresso apurou, o Minis¬tério da Cultura prepara uma ex¬posição itinerante sobre o tema.
Três dias depois de uma expe¬riência mal sucedida, a 8 de Agosto de 1709, um pequeno ba¬lão impulsionado por uma bar¬quinha com fogo levantou da Sa¬la dos Embaixadores, na Casa da Índia, elevando-se até quatro me¬tros de altura. Assistiram à expe¬riência o rei, a rainha Maria Ana e o cardeal Conti, futuro Papa Inocêncio XIII.
Admite-se que nas semanas se¬guintes possa ter havido mais lançamentos de balões, sendo, no entanto, puramente lendário o voo de Bartolomeu de Gus¬mão entre o Castelo de São Jor¬ge e o Terreiro do Paço a bordo de um engenho voador chama¬do 'Passarola', protagonista do episódio-chave de "O Memorial do Convento", de Saramago.
Foi, aliás, ao mitificar o seu próprio feito que o "padre voa¬dor" caiu no descrédito, amplia¬do pelas invejas da corte e pelo obscurantismo da Inquisição. Uma amostra das sátiras em ver¬so com que foi brindado pelos contemporâneos aparecerá no próximo livro do investigador universitário Joaquim Fernan¬des, "Mitos, Mundos e Medos ¬O Céu na Poesia Portuguesa". Inclui versos de Tomás Pinto Brandão, a quem Camilo Caste¬lo Branco chamaria "o pontífice dos poetas biltres do séc. XVIII".
Balão sem mistério
Gusmão falava do uso de "mag¬netes" ou de "quintessências em vaso fechado aquecidas pelo sol" para impulsionar o seu en¬genho voador. Como refere Joa¬quim Fernandes (também au¬tor de "O Grande Livro dos Por¬tugueses Esquecidos"), o inven¬tor português ignorava os traba¬lhos de Newton (1687) sobre a gravitação universal. E para os seus balões não tinha melhor fluido que o ar quente, "já que Cavendish só descobriu a exis¬tência do hidrogénio em 1766".
Gusmão elabora, em 1709, o seu "Manifesto Sumário para Os Que Ignoram Poder-se Navegar pelo Elemento Ar", onde expõe conceitos perfeitamente actuais sobre o uso estratégico do poder aéreo ou o transporte de passa¬geiros e mercadorias pelo ar.
Seria "um estupendo arbítrio que em oito dias poderia man¬dar avisos ao Brasil, em poucos mais à Índia, em três dias a Ro¬ma e em uma hora às fronteiras do Reino".
Na petição apresentada, em 1709, a D. João V, pedindo privi¬légio para o seu invento e que o rei haveria de deferir, expõe ou¬tras vantagens da sua máquina voadora. "Nesse instrumento po¬deriam ser levados avisos às Pra¬ças sitiadas, ser socorridas, tan¬to de gente como de munições e víveres (...) descobrir-se-ão as terras q e ficam debaixo dos Pó¬los do Mundo, por cessarem no Ar os impedimentos que por mar tem havido".
José da Cunha Brochado era menos optimista: "No mesmo tempo em que temos tão poucos homens que saibam andar pelo mar e pela terra, se achou um que quer andar pelo ar..."
Alvo da chacota dos ignoran¬tes que o rodeavam, acaba por partir para a Holanda em 1713, de onde regressa três anos de¬pois. Apesar da protecção de D. João Vede alguns espíritos mais abertos, como o duque do Cadaval e o marquês de Fontes, a sua. ascendência brasileira e mestiça, a proximidade com cris¬tãos-novos que a inquisição viria a perseguir (caso de António Jo¬sé da Silva, dito "o Judeu"), cau-sam-lhe sucessivos problemas que culminam, em Setembro de 1724, com um escândalo envol¬vendo freiras do convento de. Odivelas, próximas da corte.
Segue-se uma aventurosa fuga a pé para Espanha, morrendo de esgotamento e doença em To¬ledo, em 1724. Da sorte dos seus documentos pouco se sabe. Joa¬quim Fernandes admite que um irmão, o diplomata Alexandre de Gusmão, os tenha cedido, em Paris, ao astrónomo português José Soares de Barros, amigo dos irmãos Montgolfier.
Assim, desaparecia aos 39 anos um homem que, como sublinha Joaquim Fernandes, teve o azar de ter chegado a Lisboa demasia¬do cedo. Em Junho de 1784, o sábio Domingos Vandelli, chama¬do pelo marquês de Pombal pa¬ra modernizar a Universidade, mandava lançar em Coimbra uma máquina aerostática.

PERCURSO
• Bartolomeu de Gusmão nasce em Santos, no Brasil, em 1785, ingressando no seminário jesuíta de Belém. Vem pela primeira vez a Portugal em 170, impressionando a Corte com a sua prodigiosa memória
• Regressa a Portugal em 1708, estudando física e matemática em Coimbra. Em 1709 pede a D. João V. apoio para desenvolver "um instrumento para se andar pelo ar da mesma sorte que pela terra e pelo mar". O monarca concede-lhe privilégio em Abril do mesmo ano
• Em 1720 D. João V nomeia-o fidalgo-capelão da Casa Real. Após a fuga para Espanha (1724) o seu nome é apagado dos registos da Academia Real de História

(Expresso) 2009.Agosto.08 | Memória - RUI CARDOSO rcardoso@expresso.impresa.pt

Tratado de Windsor consagra a aliança luso-inglesa


Os plenipotenciários do rei de Portugal, D. João I, e do rei de Inglaterra, Ricardo II, assinaram em Windsor, no dia 9 de Maio de1386.um tratado de aliança. Estipulava que entre os dois reinos existiria "uma liga, amizade e confederação real e perpétua, de maneira que um seria obrigado a prestar auxilio ao outro contra todos os que tentassem destruir o Estado do outro". Contemplava também o incremento do comércio marítimo e a circulação de cidadãos entre os dois países. Era a confirmação do tratado de aliança de1383, em que o Mestre de Aviz obteve apoio inglês na guerra contra Castela. Do lado português, o imperativo era a defesa contra as ambições do país vizinho. Do lado inglês, pesou também a reivindicação do trono de Castela por João de Gaunt, duque de Lencastre, filho de Ricardo II e casado com uma infanta castelhana. Por isso, um dos primeiros efeitos de Windsor é o casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre, filha de Gaunt, celebrado a 2 de Fevereiro de 1387. Filipa marcará decisivamente a II dinastia, mudando os hábitos da corte e educando exemplarmente os filhos, a "ínclita geração". O Tratado de Windsor passa por ser a mais antiga aliança do mundo ainda em vigor. Por entre muitas vicissitudes, significou "a comunidade de interesses"' entre duas potências marítimas perante as rivais, inicialmente a Espanha e a França. No século XX a aliança voltou a funcionar nas duas guerras mundiais.

(PÚBLICO) 2009.Maio.09